18/11/2024

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Na CPI da Covid, Ernesto Araújo faz alegações falsas sobre relação com a China e vacina

Ex-ministro das Relações Exteriores disse nunca ter feito ‘declarações antichinesas’, o que não é verdade

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Publicado por: Lilian Oliveira 18/05/2021, 13:52

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo é ouvido nesta terça-feira, 18, na CPI da Covid. Durante o depoimento, ele negou ter feito “declarações antichinesas” — o que é falso. Veja a checagem de falas de Ernesto na CPI.

Foto: Marcos Corrêa/PR (2.jul.2020)

“Jamais provoquei nenhum atrito com a China”.

“Não vejo nenhuma declaração que eu tenha feito como ‘antichinesa’”.

Isso é falso. Em abril do ano passado, Araújo publicou um texto em seu blog pessoal em que dizia que o coronavírus é, na verdade, um plano comunista. No artigo intitulado “Chegou o Comunavírus”, o ex-chanceler faz comentários sobre um livro de Slavoj Zizek segundo o qual a pandemia do coronavírus representa “uma imensa oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade”.

Em outro episódio de conflito com a China, em março de 2020, o ex-chanceler saiu em defesa de Eduardo Bolsonaro após o filho do presidente republicar uma mensagem no Twitter que culpava o país asiático pela pandemia. Na ocasião, o perfil oficial da embaixada chinesa protestou contra o deputado e disse que ele havia contraído “vírus mental”. O então chanceler classificou a reação da embaixada “desproporcional”, disse que feriu “a boa prática diplomática” e pediu retratação por parte do embaixador, Yang Wanming, que rejeitou a sugestão de Araújo.

“O Brasil foi o primeiro país que recebeu vacinas exportadas pela Índia”.

É falso. Em janeiro, a Índia anunciou que exportaria material para produção de vacinas para seis países; o Brasil não estava nessa lista inicial. De acordo com comunicado do dia 19 daquele mês, o Ministério das Relações Exteriores da Índia dizia estar fornecendo o material para Butão, Maldivas, Bangladesh, Nepal, Mianmar e o arquipélago de Seicheles. Os países onde os trâmites legais ainda estavam em andamento são Sri Lanka, Afeganistão e as Ilhas Maurício.

Naquela data, o governo brasileiro tentava importar vacinas da Índia, mas as negociações estavam travadas, de acordo com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O Brasil chegou a preparar um avião para buscar 2 milhões de doses, mas não recebeu um “ok” do lado indiano. Especialistas consultados pelo Estadão na época apontaram que o País estava isolado diplomaticamente.

Apenas no dia 21, o embaixador da Índia em Brasília, Suresh Reddy, confirmou que seu país tinha liberado a exportação de doses para o Brasil. Marrocos também receberia vacinas indianas. As doses chegaram em solo brasileiro no final do dia 22.

“Jamais fui contra (o consórcio), o Itamaraty esteve atento desde abril de 2020, assim que o Covax tomou forma, em julho, assinei carta para o gestor do consórcio dizendo que o Brasil tinha interesse em entrar. O contrato ficou pronto em setembro e assinamos naquele momento”

A primeira reunião da Organização Mundial de Saúde para criação do consórcio de vacinas ocorreu em abril de 2020; no entanto, o Brasil não participou dessa tratativa inicial. Dos 11 países presentes na reunião, o único representante das Américas era da Costa Rica.

A OMS divulgou no final de agosto que o Brasil manifestou interesse em entrar no consórcio. Na ocasião, eram 80 os países na lista para participação do Covax Facility. Em setembro, o governo brasileiro anunciou a adesão ao Instrumento de Acesso Global a Vacinas; isso foi formalizado em março de 2021.

Fonte: Estadão

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