Durante passagem por Teresina, nesta sexta-feira (08),  ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que vai comparecer novamente ao Senado para depor na CPI da Covid-19. A convocação foi aprovada ontem.

“Eu ire, irei de peito aberto; eu me orgulho por ser o ministro da Saúde que vai por fim ao caráter pandêmico da Covid-19”, afirmou Queiroga, em entrevista à imprensa, durante visita às obras da nova maternidade estadual, na Avenida Presidente Kenedy (zona leste de Teresina). Ele esteve acompanhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas).

Marcelo Queiroga (de colete cinza) durante visita ao Hospital Universitário da UFPI (Foto: Wanderson Camêlo/Teresina FM)

Marcelo Queiroga também foi questionado sobre outros assuntos relacionados ao governo federal que repercutiram negativamente, como a orientação para o uso de um kit Covid-19. De acordo com o ministro, o que houve por parte do ministério foi uma “nota orientativa”.

“O ministério nunca indicou kit nenhum, existia no passado uma nota orientativa. O que há, do ponto de vista prático, é que eu, ministro da Saúde, encaminhei à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologista do SUS uma solicitação de elaboração de um protocolo. Por quê? É assim que determina a lei e eu ajo dentro da lei. Nós convidamos uma equipe de especialistas para elaborar uma proposta de protocolo e esse protocolo já foi no ambiente hospitalar e agora está se discutindo um protocolo para as recomendações do início da Covid. O coordenador [dos estudos] solicitou a retirada de pauta em face de novas evidências científicas”, rebateu o gestor.

Como mostrou o portal G1, em maio um grupo técnico formado a convite do Ministério da Saúde elaborou um documento preliminar com orientações contra o uso da cloroquina, azitromicina, ivermectina e outros medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19 em pacientes hospitalizados por causa da doença.

O material foi apresentado ao Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema de Saúde para passar por uma consulta pública. Após ser concluída a tramitação, as diretrizes devem ser repassadas como orientação pública sobre o uso dos medicamentos.

Na capital o ministro da Saúde ainda participou da solenidade de entrega de novos equipamentos ao Hospital Universitário (HU), na Universidade Federal do Piauí (Ufpi), zona leste. Os materiais custaram cerca de R$ 6 milhões foram adquiridos através de verba do Ministério da Educação e de emendas de representantes da bancada federal piauiense, como o senador Elmano Férrer (Progressistas).

Os novos equipamentos vão ser usados para a realização de exames oncológicos (Foto: Wanderson Camêlo/Teresina FM)

Polêmica

Um dia antes da visita a Teresina, Queiroga teve o nome citado na CPI da Covid-19. Os senadores que compõem a comissão aprovaram a convocação do ministro, pela terceira vez, para que ele responda a questionamentos sobre um estudo contrário ao uso da Cloroquina para o combate ao novo coronavírus. 

De acordo com matéria veiculada pelo portal G1, nesta quarta-feira, a decisão de convocar o ministro para um novo depoimento foi tomada no mesmo dia em que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, órgão consultivo do Ministério da Saúde, decidiu não realizar um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina contra a Covid. A droga é comprovadamente ineficaz para a doença.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ao colunista Valdo Cruz (do G1) que o presidente Jair Bolsonaro interferiu para a retirada de pauta. À imprensa nacional o Ministério da Saúde afirmou que a análise do estudo foi retirada da pauta a pedido dos próprios autores.