Especialista reforça que inundação no município foi causada pela cheia de três rios devido às fortes chuvas
As chuvas intensas e atípicas registradas no fim deste mês na região sul do Piauí causaram enormes prejuízos. Em Uruçuí, a 453 km de Teresina, um fenômeno meteorológico conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) provocou grandes precipitações e aumentou o nível do Rio Parnaíba, que transbordou e inundou a cidade no último domingo (26).
De acordo com Roberto Fernandes, engenheiro hidrólogo do Serviço Geológico do Brasil – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), além do Rio Parnaíba, o fenômeno também elevou o volume dos afluentes Rio Uruçuí-Preto, no Piauí, e Rio da Balsas, no Maranhão, causando enchentes dos três ao mesmo tempo.
“Tivemos uma quantidade de chuvas muito além do esperado para o mês de dezembro, geralmente verificada entre os meses de janeiro e março. Dessa forma, Uruçuí sofreu com a cheia dos rios e as precipitações na cidade, agravadas pelo deficiente sistema de drenagem urbana”, explicou em entrevista ao JT1 da Teresina FM na manhã desta quinta-feira (30).
Em relação ao aumento da vazão do Reservatório Boa Esperança, em Guadalupe, a 345 km de Teresina, o engenheiro enfatizou que a barragem não pode ficar cheia a fim de evitar inundações nos municípios localizados adiante da estrutura. Lembrou ainda que o reservatório possui dispositivos de proteção contra cheias, que controlam o acúmulo de água mediante a abertura das comportas, medida anunciada pela Companhia Hidroelétrica de São Francisco (Chesf).
“Por sorte, esse evento ocorreu no Piauí durante o período que outros rios (Poti, Longá e Canindé) estão relativamente secos. Caso houvesse acontecido em março, por exemplo, a água liberada da barragem encontraria os rios cheios e elevaria os níveis de água a patamares preocupantes”, analisou.
Finalmente, Roberto considerou oportuna a instalação de um Comitê Integrado de Gerenciamento de Áreas Alagadiças por parte da Prefeitura de Teresina e do governo estadual. Segundo o especialista, a perspectiva é que 2022 será bastante chuvoso e contará com volumes dos rios mais altos comparados a 2021. “É importante que estejamos preparados para diminuir os prejuízos e salvar vidas”, concluiu.