Aeroporto da Serra da Capivara e praias de Barra Grande e Pedra do Sal são apontados como alvos de “descaso” e “abandono”
Matéria de Rodrigo Carvalho
Agência Nordestina de Notícias (ANN)
Essa é a sexta de uma série de sete reportagens sobre os desafios do futuro governador do Piauí. Na sexta-feira (16), você viu que mais de um terço dos piauienses lidam com insegurança alimentar grave, segundo a Rede Penssan.
O plano de governo apresentado por Wellington Dias (PT) nas eleições para o governo do Piauí em 2018 abordava também o turismo. Prometia, entre outras coisas, aprimorar a infraestrutura dos polos turísticos e revitalizar a linha férrea nos trechos Teresina-Altos e Parnaíba-Luís Correia.
Outra promessa que não foi cumprida nos quatro últimos anos de gestão petista consistia em ampliar os serviços aéreos. Nesse aspecto, o Aeroporto de São Raimundo Nonato, concluído em 2015 após 17 anos de construção, ainda não conseguiu ofertar voos regulares.
O gestor Valdomir Filho, secretário de Turismo de Coronel José Dias (a 519 km de Teresina), município que concentra boa parte do Parque Nacional da Serra da Capivara, lamenta que o aeroporto criado para receber voos internacionais não conte sequer com linhas nacionais constantes.
“[A obra] tem um papel importantíssimo no desenvolvimento turístico da região. As conexões, as redes aproximam as pessoas e geram renda. O principal desafio é viabilizar voos constantes e não periódicos; o ideal seria entre duas e quatro vezes por semana. Além disso, é fundamental trabalhar em prol de uma campanha de divulgação do Parque”, elenca.
Valdomir acrescenta que, para alavancar a atividade na região e no restante do estado, há a necessidade de políticas públicas que incrementem a identidade turística do Piauí.
“Em primeiro lugar precisamos trabalhar a questão identitária do nosso povo. Muitos ainda não têm acesso ao próprio Parque, inclusive em Coronel José Dias. A estrutura está pronta, conseguimos receber 1 milhão de pessoas por ano. Temos uma rede hoteleira capaz de ofertar um bom número de leitos”, afirma.
Para Maria Alves, coordenadora de Turismo de Castelo do Piauí, a 189 km de Teresina, falta mais investimento em infraestrutura e divulgação para impulsionar as atrações do estado.
“Melhorar as estradas, a recepção, os atrativos. Ter um controle das unidades de conservação, um olhar mais amplo, para então apostar na divulgação. Acredito que o Piauí necessita de profissionais qualificados, os quais devem receber visibilidade”, ressalta.
Já Joca Vidal, superintendente de Turismo de Parnaíba, a 338 km da capital, faz duras críticas à forma como o governo estadual tem investido no setor.
“Um desastre, um abandono total. Não temos, aqui no litoral, uma obra que se destaque nesse sentido. Cajueiro da Praia [a 68 km de Parnaíba] sofre com o desabastecimento crônico de água, um projeto que se arrasta há mais de duas décadas e nunca foi concluída”, aponta.
Além do problema apresentado em Cajueiro, cuja gestão municipal tenta sanar por meio de carros-pipa, Vidal denuncia à reportagem da Teresina FM um suposto desvio de recursos na praia da Pedra do Sal.
“Há inclusive uma obra que merece ser investigada pelo Ministério Público: a reestruturação da orla da Pedra do Sal, para a qual o extinto Ministério do Turismo destinou R$ 9 milhões. [O governo do Estado] diz que está concluída, mas não vejo nem como poderia ter sido aplicado R$ 1 milhão”, aponta.
Na terça-feira (20), você confere as respostas de Carina Câmara, superintendente de Turismo da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), às críticas apontadas pelos gestores turísticos, e de Flávio Nogueira Jr., ex-chefe da pasta, às declarações feitas por Joca Vidal.