Plano foi apresentado pela presidente Dina Boluarte como um caminho para pacificar o país e encerrar a série de violentas manifestações que deixaram 56 mortos.
O Congresso peruano rejeitou uma proposta da presidente Dina Boluarte para antecipar para outubro as eleições gerais no país, um plano que era visto como uma maneira de encerrar os violentos protestos contra seu governo, que já deixaram 56 mortos.
A votação foi concluída na madrugada de sábado, e o plano recebeu 65 votos contra e 45 a favor — ainda ocorreram duas abstenções. “Com esta votação está rejeitada a proposta de reforma constitucional para a antecipação das eleições”, anunciou o presidente do Congresso, José Williams.
Pela proposta, apresentada na quinta-feira, a votação aconteceria em outubro de 2023, em data a ser definida, e serviria para escolher um novo ou nova presidente e integrantes do Congresso e do Parlamento Andino. Os mandatos atuais de todos seriam abreviados, e terminaram no final de dezembro, com os novos ocupantes dos cargos empossados no dia 1º de janeiro de 2024.
Apesar da derrota do plano, grupos fujimoristas, ligados ao ex-presidente Alberto Fujimori e sua filha, Keijo Fujimori, apresentaram uma proposta de reconsideração da votação, a ser feita na segunda-feira, mas que tem poucas chances de prosperar.
Horas depois do resultado, Dina Boluarte disse “lamentar” a decisão do Congresso.
“Pedimos às bancadas que deixem de lado seus interesses partidários e de grupos e priorizem os interesses do Peru”, escreveu Boluarte, no Twitter. “Nossas cidadãs e cidadãos esperam prontamente uma resposta clara que permita alcançar uma saída à crise política e que permita construir a paz social.”
O resultado no Congresso foi mais um revés para Dina Boluarte, que assumiu o cargo após a destituição do presidente Pedro Castillo, após uma fracassada tentativa de golpe que levou ao seu impeachment e posterior prisão. Desde então, o país vive uma onda de protestos liderados por defensores de Castillo, e que pedem, além de novas eleições, a saída imediata de Boluarte, acusada de ser a responsável pela violenta repressão que deixou 56 mortos até agora.