Pequim vê crescer sua influência na América Latina, enquanto ilha assiste a isolamento diplomático.
O governo de Honduras formalizou na noite deste sábado (25) o rompimento das relações diplomáticas com Taiwan, a ilha que na prática é independente, mas a China considera uma província rebelde. Em comunicado, a chancelaria do governo de Xiomara Castro mostrou que está de vez alinhada com o que dita Pequim.
“Honduras reconhece a existência de uma só China”, diz o texto. “E Taiwan faz parte inalienável do território chinês; a partir desta data, o governo não terá nenhum contato oficial com a ilha.”
Havia dias que o movimento do pequeno país da América Central era ventilado. Há dez dias, Xiomara comunicou no Twitter que pretendia estabelecer relações com Pequim e que pedira a seu chanceler para iniciar conversas com o gigante asiático.
Dias depois, veio à tona a informação de que a nação americana havia pedido US$ 2,5 bilhões (R$ 13,17 bi) a Taiwan pouco antes de anunciar que pretendia iniciar laços diplomáticos com o país de Xi Jinping. Pouco após o anúncio público sobre o fim dos laços diplomáticos, Taiwan chamou de volta seu embaixador em Honduras.
Enquanto a China vê crescer a sua influência na América Latina, a ilha de Taiwan assiste ao enxugamento de seu já pequeno leque de elos oficiais. O adeus de Tegucigalpa aprofunda ainda mais o isolamento da ilha, que passa a só ser reconhecida por 13 países.
Taiwan costumava ser vista pela maior parte do mundo como a “verdadeira China”, mas isso mudou quando os Estados Unidos passaram a reconhecer o regime continental em 1979. A ação abriu espaço para que Pequim ocupasse a representação chinesa em fóruns multilaterais como o Conselho de Segurança da ONU.
Pequim tem se esforçado em despejar grandes somas de dinheiro em nações que insistem nas relações com a ilha, tentando seduzi-las a trocar de lado. Durante o auge da pandemia de Covid-19, os chineses quase conseguiram o feito com o Paraguai, que, sem vacinas contra a doença, cogitou trocar de lado em troca de imunizantes chineses.
Isso só não aconteceu porque os Estados Unidos foram rápidos em anunciar a doação de 1 milhão de doses da Pfizer a Assunção em junho de 2021. A comunidade internacional alimenta o temor de que a China possa invadir Taiwan para assumir o controle sobre o território. No ano passado, a presidente Tsai Ing-wen afirmou que a província está determinada a se defender de inimigos, destacando que potenciais invasores —uma indireta pouco velada à China— pagarão um “preço alto” caso incorram em ofensivas contra o território.