Vivemos uma tragédia silenciosa no Piauí.
Uma tragédia que, confesso, sou cúmplice.
Mas não sou o único culpado nessa história, disso tenho certeza.
Convencionou-se no código de ética do jornalismo brasileiro que jornalista não deve divulgar suicídio. Grandes nomes da imprensa brasileira nos ensinaram que suicídio não é notícia a ser divulgada. Esses mesmos especialistas acreditavam e ainda acreditam seus seguidores que divulgar suicídio é incentivar a quem tem tendência suicida, mas não tem coragem de se matar. Traduzindo: divulgar suicídio incentiva o suicídio.
Mas isso será mesmo verdade?
Confesso que não sei.
Se é verdade, como explicar a situação do Piauí diante desse problema?
A imprensa do Piauí há muito virou as costas para esse tipo de notícia. Aqui ninguém divulga suicídio, mas as pessoas continuam se matando.
Ninguém divulga, mas Teresina há muito tempo é uma das campeãs nacional em número de suicídios.
Isso mesmo. Teresina, a capital do Piauí, possui um dos maiores índices de suicídios do Brasil.
No Piauí, onde a imprensa se cala em obediência ao seu próprio código, o índice de suicídio é 57% maior que a média nacional.
Esse percentual, sem dúvida, é alarmante.
Não só alarmante, mas preocupante.
Independentemente do silêncio da imprensa, o suicídio é um grave caso de saúde pública e tem que ser tratado como tal.
O suicídio – dizem os especialistas – não acontece do nada. Trata-se de uma consequência decorrente de uma série de fatores de natureza emocional, psicológica e até mesmo física.
Não há, pelo menos até agora, estudos que apontem uma causa específica que leve alguém a atentar contra a própria vida, mas existe a certeza de que pelo menos 90% dos casos de suicídio são evitáveis. E se são evitáveis, o que realmente estamos fazendo para evitá-los?
Desesperança, falta de perspectiva, solidão, falta daquele senso de pertencimento a um grupo, pressões sociais, a necessidade de se encaixar em um modelo pronto, a ansiedade, se sentir obrigado a atender expectativas, tudo isso contribui para o agravamento de um problema que não pode mais ficar no anonimato, não pode mais ser jogado para debaixo do tapete.
A vida até pode ser uma loucura e o mundo até pode ser triste, mas vale a pena matar-se por isso?
Não podemos desistir diante da primeira dificuldade, não podemos desistir só porque as coisas são ou se apresentam difíceis. Acredite sempre que o melhor ainda está por vir.
Desistir não vai fazer de você um vencedor.
Ou como prega o escritor Paulo Coelho: Não desista. Geralmente é a última chave no chaveiro que abre a porta.