25/11/2024

O sofrimento negro

13 de maio de 2019

Hoje é um daqueles dias que devemos lembrar sempre.

Devemos lembrar porque não podemos esquecer uma data que marca o fim de tanto sofrimento no Brasil; devemos lembrar sempre, até para que não se repita.

O 13 de maio, dia da Aparição da Virgem de Fátima, é também o dia que marca o fim da escravatura em nosso país. Depois de quatro séculos os negros, finalmente, estavam libertos perante a lei.

No dia 13 de maio de 1888, há apenas 131 anos, portanto, chegava ao fim o trabalho escravo num país que ainda carrega essa mancha que marca sua história de forma definitiva.

Darcy Ribeiro dizia que o Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.

Libertamos os negros, mas os deixamos ao deus dará, sem opção de seguir um caminho que os levassem por um futuro de liberdade real.

A liberdade tem um preço alto, tão alto quanto o preço da escravidão. Segundo o escritor Paulo Coelho, a única diferença é que você paga com prazer e com um sorriso, mesmo quando é um sorriso manchado de lágrimas.

A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.

O Brasil será sempre devedor dos negros e será sempre apontado como uma terra injusta por ter patrocinado e continuar patrocinando injustiças.

O negro no Brasil é um objeto exposto à sociedade com olhares hipócritas, enviesados.

Ser negro no Brasil é esperar dos brancos a quitação da dívida social. Nesse âmbito, os indígenas durante 300 anos construíram as bases econômicas e sociais do nosso país, em condições brutais de escravatura, em consequência da exclusão social.

Mas o Brasil realmente é um país diferente. É um país sem igual.

Aqui, o racista é sempre o outro. Pesquisas apontam que 97% dos entrevistados afirmam não ter qualquer preconceito de cor, ao mesmo tempo em que admitem conhecer, na mesma proporção, alguém próximo que demonstra atitudes discriminatórias. É o chamado racismo à brasileira, segundo o jornal El País.

Não estamos fazendo nada para acaba com essa situação.

O pequeno espaço conquistado pelos negros no Brasil dos últimos anos tem sido por esforço próprio. Infelizmente essa conquista vem acontecendo de forma muito lenta, longe da urgência e da necessidade que requer a situação.

Estamos bem longe dos ideais de Nélson Mandela, o grande líder nego sul-africano, que disse:

Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu tenho prezado pelo ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas, caso seja necessário, é um ideal pelo qual eu estou pronto para morrer.

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