Não somos apenas um país engraçado, nós também somos engraçados.
Daí as dificuldades de se entender o Brasil e os brasileiros.
O maestro Tom Jobim, que morreu em 1994, tinha inteira razão quando dizia que o Brasil não é um país para principiantes.
Continua assim. O Brasil continua sendo um país incompreensível para principiantes. Ninguém consegue entender o Brasil e muito menos os brasileiros num primeiro olhar.
Não faz muito tempo assim, saímos às ruas e protagonizamos um dos maiores eventos cívicos de que se tem noticia neste país: milhares de pessoas em todas as regiões do Brasil foram às ruas dizer chega de corrupção!
O verdadeiro combate à corrupção no Brasil – queiram ou não – tem uma marca e nessa marca está escrito, de forma definitiva e irrefutável, o nome de Sergio Moro.
Neste momento Brasil, quando o presidente da República anuncia sua disposição de indicar Sérgio Moro para uma futura vaga no Supremo Tribunal Federal, o mundo desaba. Principalmente o mudo político.
E, repetindo o que disse o maestro Tom Jobim, como o Brasil não é um país para principiantes, o questionamento se faz inevitável: e por que não Sérgio Moro? O que tem Sérgio Moro que o torna pequeno para uma toga suprema?
Quando olhamos para a atual composição do Supremo Tribunal Federal temos a certeza de que ali tem vaga sim para Sérgio Moro.
A imensa maioria do povo brasileiro quer isso, mas os políticos nem tanto.
Os políticos nacionais, que dizem representar o povo, falam outra língua bem diferente da língua do povo que dizem representar.
Há uma clara rejeição ao ministro Sérgio Moro no meio político da Nação. É notório isso.
Os políticos que representam o povo não querem discutir as propostas de combate ao crime, embora saibam perfeitamente que seus eleitores clamam por isso. Não discutem simplesmente porque são propostas feitas por Sérgio Moro e entre elas está uma que trata da prisão após condenação em segunda instância. E isso aí soa como aquela história de se falar em corda em casa de enforcado.
Político tem horror a isso, por razões que todos nós conhecemos bem.
Sérgio Moro está pagando um preço muito alto pela sua ousadia em cumprir a lei.
Só mesmo num Brasil indecifrável para principiantes para tratar como relevante um assunto deste tipo.
Cumprir a lei é apenas a obrigação de todos, não um favor incompreendido por muitos.
Como ensinava Rui Barbosa, política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam com a outra. Antes se negam, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
Precisamos aprender essa lição.