1968, no dizer do jornalista Zuenir Ventura, foi o ano que não terminou. Foi o ano brasileiro que nunca chegou ao fim.
Mas se 1968 foi o ano que não teve um fim, 2019 se apresenta de uma maneira bem diferente. 2019 é o ano que quer acabar. E quer acabar logo, quer chegar logo ao seu final. Aliás, 2019 é um ano que sequer fez questão de começar. 2019, talvez, por não poder simplesmente decretar seu próprio fim, resolveu ser uma extensão de 2018. Simplesmente isso.
Infelizmente 2019 não conseguiu impor-se como um novo ano no Brasil.
2019 não conseguiu se mostrar, pelo menos até agora, como uma coisa diferente. 2019 é sim uma continuação de 2018. Queiram ou não.
O discurso de 2018 furou a barreira do ano novo e de lá para cá tenta estabelecer a sua verdade. Uma verdade que muitas vezes nega a si mesmo.
2019 tem lá suas razões para querer desaparecer, não se pode negar.
2019 foi invadido pelos dois lados.
Foi invadido por 2018 que ainda hoje não aceita fechar suas urnas e foi atropelado por 2020 que já começa a colocar em cena seus personagens para a eleição municipal. Além disso, não vai custar muito e 2022 irá se apresentar como uma nova proposta de salvação nacional.
2019, salvo algum tsunami na politica nacional, será, quando dezembro chegar, um ano para ser chamado de perdido.
Ano perdido, como todos nós sabemos, é um ano que não existiu ou que não deveria ter existido. É um ano em que não se fez praticamente nada de produtivo. É um ano para ser esquecido.
Hoje, 2019 preenche todos os requisitos para se enquadrar em qualquer uma das situações.
O Brasil esperou muito de 2019.
O Brasil esperava pelo menos voltar a caminhar, voltar a ter expectativa de futuro. Infelizmente os responsáveis pelo alimento desse sonho engalfinharam-se em lutas fraticidas e deixaram o país agonizando.
Ninguém está preocupado com a situação de insolvência do Brasil. Muitos acham até que isso é passageiro, só que não é.
Não é nada fácil juntar os cacos de um país quebrado; não é nada fácil reanimar um país dilacerado; não é nada fácil colocar de pé um país falido; e, principalmente, não é nada fácil injetar ânimo numa população desesperançada que já não acredita mais em nada.
Ou se cuida do Brasil agora, neste momento, ou dentro de pouco tempo, lamentavelmente, não teremos mais um país para cuidar.
E muito menos para chamar de nosso.