O Brasil precisa saber o que quer.
O brasileiro também precisa se definir, precisa saber o que quer.
Não me refiro somente ao cidadão comum, a homem simples. Refiro-me também as mais ilustres figuras públicas deste país incluindo aí juízes, desembargadores e ministros do Supremo Tribunal Federal.
Não se concebe mais em nenhum país democrático do mundo que a aplicação da lei tenha algo a ver com o nome e o sobrenome de alguém ou com o cargo que se ocupa. Inimaginável não isso nos dias atuais.
Mas vamos aos fatos.
Em 2012, o Brasil indignou-se quando a imprensa informou com o alarido exigido pelo caso que hackers haviam invadido o telefone de uma jovem senhora chamada Carolina Dieckmann.
A divulgação de fotos íntimas da bela e promissora atriz da rede Globo indignou a sensível sociedade brasileira.
É para indignar mesmo.
Afinal roubaram imagens intimas do próprio celular de uma pessoa, que antes mesmo de ser artista, famosa ou não, é uma mulher.
Mas temos que reconhecer que a resposta do poder público não demorou.
Violentaram uma mulher em sua intimidade. Isso é grave, isso é crime.
Em 2012, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei 12.737, do dia 30 de novembro.
E o que diz a lei? Alguém com certeza há de perguntar.
A lei , imediatamente batizada de ‘lei Carolina Dieckmann’, diz que é crime invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não a rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismos de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informação sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Há, sinceramente, alguma diferença entre o que aconteceu com a famosa Carolina Dieckmann em 2012 e o que acontece nos dias de hoje com o ministro Sérgio Moro e com outras diversas autoridades de menor coturno?
Roubar imagens íntimas de uma atriz da Globo não pode. Roubar textos privados de autoridades pode.
Que país é este onde ministros do Supremo Tribunal Federal e suas mulheres não podem ser investigados.
Ministro do Supremo Tribunal Federal, à luz da primeira suspeita, deveria ser afastado imediatamente. Num país sério é assim
A lei Carolina Dieckmann atende exatamente as exigências da polêmica atual sem tirar nem por.
Pelo menos é isso que se deduz a luz do bom senso.
Mas no Brasil tudo tem que ser diferente.
Aqui ninguém sabe o que quer, nem mesmo na mais alta corte.
A invasão de celular de um ministro de Estado e até do próprio presidente da Republica não é um crime tão grave assim.
Em nosso país crime mesmo é só mostrar a nudez de miss Dieckmann.
Surrupiar conversas de autoridades públicas é só um malinação de garotos levados em busca de diversão.
Por mais absurdo que possa parecer.