Estamos acompanhando faz algum tempo uma estranha disputa na política do Piauí. E a cada dia que passa fica difícil, impossível mesmo, se entender alguma coisa.
Falo da disputa entre deputados estaduais e seus suplentes na Assembleia Legislativa.
Chama a atenção a garra com que os suplentes defendem suas posições. Os suplentes querem ser deputados, mesmo não tendo sido eleitos, o que caracteriza uma clara inversão de ordem nas coisas.
Suplente – os dicionários ensinam isso desde os primórdios – é aquele que pode ser chamado a exercer as funções de outro, na falta deste.
O suplente é um substituto; no futebol seria o reserva. Na politica suplente.
Suplente é aquele que substitui quem não pode exercer a sua função por algum motivo. O suplente não exerce o cargo até que o titular se desligue, sendo a função do suplente apenas permanecer disponível para assumir.
Fica claro, pois, que suplente não é deputado. E nessa condição o parlamento ou o governo ou quem quer que seja não devem a nenhum deles qualquer obediência perante a lei, muito menos a obrigação de torná-los uma espécie de deputados sem votos.
Esses suplentes quiseram emparedar o próprio governador exigindo cargos no primeiro escalão no governo enquanto durasse a presença dos deputados em seus mandatos legitimamente conquistados.
Faltou bom senso nesta peleja e por isso o movimento se tornou ridículo e alvo de chacotas.
Se há culpa no governo por isso tudo, se deve talvez ao fato do uso do cachimbo.
O governo acostumou mal seus suplentes, aqueles que se submetem a tudo por uns períodos na Assembleia Legislativa. E como o uso do cachimbo faz a boca torta, querem agora a repetição da farra de convocação que se verificou no mandato passado.
Por ser político, por ser suplente, a pessoa não pode e nem deve exigir que o estado banque o seu sustento e o de sua família.
O Piauí, infelizmente, padece desse tipo de coisa há bastante tempo.
O Piauí abusou tanto nessa história de convocar suplentes que no dia em que resolve, por um problema ou outro, não convocar ninguém rende motivos para uma verdadeira rebelião dentro o próprio governo.
É a tal coisa de querer entrar no céu sem ter pelo menos morrido.
O eleitor, além da obrigação do voto, tem também a obrigação de acompanhar o comportamento dos políticos de sua preferência.
Nem que seja para na eleição seguinte não repetir o voto.