Certa vez perguntaram a Millôr Fernandes o que é democracia e o que é ditadura.
Millôr respondeu:
Democracia é quando eu mando em você e ditadura é quando você manda em mim
Mas, seria tão simples assim definir o que é democracia e o que é ditadura?
Claro que não.
Democracia é uma coisa muito mais ampla, bem mais ampla do que a resposta bem humorada de Millôr Fernandes.
Lincoln, um ex-presidente norte- americano, dizia que a democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.
Para o escritor Fernando Sabino, democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um.
Para o poeta Carlos Drummond de Andrade, democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder.
Como disse certa vez a ex-primeira ministra Margareth Thatcher, a democracia não é um sistema feito para garantir que os melhores sejam eleitos, mas sim para impedir que os ruins fiquem para sempre.
Qualquer semelhança com o mundo atual terá sido mera coincidência.
A democracia é o pior dos regimes políticos, mas ainda não conseguimos imaginar nenhum sistema melhor.
Numa ditadura, não daria para fazer uma passeata pela democracia. Na democracia, você pode sim fazer uma passeata pedindo ditadura.
Como disse o grande senador alagoano Teotônio Vilela, o Menestrel das Alagoas, a democracia não é coisa feita.
Ela é sempre uma coisa que se está fazendo.
Daí porque ela é um processo em ascensão.
É a experiência de cada dia que dita o melhor caminho para ela ir atendendo às necessidades coletivas.
O que há de belo na democracia é isto.
É que ela tem condições de crescer, segundo a boa prática que fizermos dela.
Teotônio, irmão de nosso eterno arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela, foi um dos brasileiros que mais lutaram pela volta da democracia no Brasil. Morreu lutando.
Teotônio Vilela acreditava que a democracia deveria ser capaz, sobretudo, de garantir cidadania a todos os brasileiros.
Se ainda não chegamos lá, só nos resta um caminho. Só nos resta o caminho de continuar lutando. Continuar lutando como continuaram lutando figuras como Ulysses Guimarães, Freitas Nobre, Paulo Brossard, Alencar Furtado e muitos outros que já atravessaram as fronteiras desde mundo.
A democracia não é o paraíso, mas ela consegue garantir que a gente não chegue ao inferno.
Democracia tem que ser e deve ser mais, muito mais do que dois lobos e uma ovelha votando sobre o que terão para o jantar.