26/11/2024

O velho e o idoso

5 de dezembro de 2019

 Um provérbio indiano diz que quando morre um idoso perde-se uma biblioteca.

Para Millôr Fernandes, você está começando a ficar velho quando, depois de passar uma noite fora, tem que passar dois dias dentro.

Mas o que é ser velho?

O que é ser idoso?

Idoso é quem tem muita idade,
Velho é quem perdeu a jovialidade.
Você é idoso quando se pergunta se vale a pena;
você é velho quando, sem pensar, responde que não.
Você é idoso quando sonha;
você é velho quando apenas dorme.

Você é velho quando apenas descansa.
Você é idoso quando ainda sente amor;
Você é velho quando só sente ciúmes.
Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida;
Você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.
Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs;
Você é velho quando só tem ontens.
O idoso se renova a cada dia que começa,
o velho se acaba cada noite que termina pois, enquanto o idoso tem seus olhos postos no horizonte, de onde o sol desponta e ilumina a esperança, o velho tem sua miopia voltada para as sobras do passado.
O idoso tem planos, o velho tem saudades.
O idoso curte o que lhe resta de vida,
O velho sofre o que o aproxima da morte.
O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e plena de esperança.
Para ele, o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
Para o velho suas horas se arrastam destituídas de sentido.
As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso;
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.

Idoso e velho podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades diferentes no coração.

Oremos, pois, por todos eles.

Bem-aventurados aqueles que compreendem os meus passos
vacilantes e as minhas mãos trêmulas.

Bem-aventurados os que levam em conta que meus ouvidos captam as palavras com dificuldades, por isso procuram falar-me mais alto e pausadamente.
Bem-aventurados os que percebem que meus olhos já estão nublados e as minhas reações são lentas.
Bem-aventurados os que desviam o olhar, simulando não ter visto o café que, por vezes, derramo sobre a mesa.

Bem-aventurados os que sorriem e conversam comigo.
Bem-aventurados os que nunca me dizem: “Você já me contou isso tantas vezes!”

Bem-aventurados os que me ajudam, com carinho, a atravessar a rua.

Bem-aventurados os que me fazem sentir que sou amado e não estou abandonado, tratando-me com respeito.

Bem-aventurados os que compreendem quanto me custa encontrar forças para aguentar minha cruz.
Bem-aventurados os que me amenizam os últimos anos sobre a terra.
Bem-aventurados todos aqueles que me dedicam afeto e carinho fazendo-me, assim, pensar em Deus.

Quando entrar na eternidade lembrar-me-ei deles junto ao Senhor.

Amém!

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