Alguns piauienses se tornam muito sensíveis quando se fala em pobreza.
Dizer que o Piauí é o estado mais pobre do Brasil soa como uma ofensa grave, funciona como um grande insulto a um povo honesto e trabalhador.
A reação sempre é rápida.
De imediato alguém lembra que o Piauí não é o estado mais pobre do Brasil.
Quem diz isso é um desinformado, é um alienado.
Olhando por cima do ombro avisa logo que o mais pobre é o Maranhão. Quem não sabe disso não conhece o pujante Piauí, muito menos o pobre Maranhão.
Outros, de forma exagerada, colocam o Piauí fora da lista dos mais pobres.
Pobre é o cão, como costumava dizer o governador Mão Santa. O Piauí é rico e belo.
Diante das declarações do presidente Jair Bolsonaro, muitos agora concordam com o ex-governador
Mão Santa, embora não cheirem mais em sua cartilha.
A verdade é que no Piauí ninguém quer ser pobre.
O piauiense não aceita ser tratado como gente de segunda categoria; o piauiense também não aceita ser uma pessoa de baixa liquidez financeira, nova denominação para pobre.
Mas, em verdade, somos pobres sim. Somos bem pobrezinhos, à exceção talvez fique por conta de uns poucos que tiveram a sorte de acertar na mega sena do poder.
Difícil esconder nossa pobreza.
Nossa pobreza é tão grande que não há como jogar para debaixo do tapete nem como disfarçar.
Ser pobre é não ter condições básicas para garantir a sua sobrevivência com dignidade. Se essa é a condição, temos que reconhecer que realmente somos pobres.
O programa Bolsa família, por exemplo, paga mensalmente mais de 93 milhões de reais a 438 mil famílias no estado. Isso significa dizer que metade da população depende desses recursos para sobreviver.
Isso não é motivo de orgulho. Pelo contrário, é motivo vergonha. É a nossa pobreza escancarada ao mundo.
O INSS, por sua vez, paga mais de 350 mil benefícios no estado. 246 mil deles na zona rural. Esta é a base da economia do Piauí.
Como negar a nossa pobreza?
Não há como.
A pobreza do Piauí é um fato.
O Piauí há muito foi renegado ao atraso. E nós aceitamos essa condição.
Insultar a quem nos chama de pobres é mais um greve erro que cometemos.
Estamos apontando o dedo para o alvo errado. O alvo certo, com certeza, é quem nos trouxe até esta situação.
Além disso, esta estória de primeiro e segundo pobre não existe.
O Maranhão, que sempre nos protege no último lugar da fila dos mais pobres, é tão pobre quanto o Piauí.
Entre o Piauí em segundo e o Maranhão em primeiro entre os pobres mais pobres não há qualquer diferença. É apenas uma questão de acomodação, porque nem para e satisfação pessoal serve.
O retrato gerencial do Piauí é, por si só, um atestado de pobreza. É por si só a cara horrorosa da fome que nos persegue.
Qual estado, mesmo com poucos recursos, se permitiria ser cobrado publicamente por falta de coisas básicas como segurança e saúde?
Só mesmo um estado muito pobre. Pobre de recursos e de espírito.