O brasileiro gosta tanto de poesia, mas gosta tanto, que tem dois dias para festeja-la.
Para o brasileiro tanto faz o 14 de março como o 31 de outubro. O 14 de março, no próximo sábado, é o dia da poesia em homenagem a Castro Alves, e no 31 de outubro a homenagem é para Carlos Drummond de Andrade, sem dúvida dois dos maiores poetas brasileiros.
A poesia é a música da alma, e sobretudo de almas grandes e sentimentais.
O poeta português Eugênio de Andrade diz que toda a poesia é luminosa, até a mais obscura. O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si e o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar outra vez e outra vez e outra vez a essas sílabas acesas ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
A poesia, no dizer da espanhola Carmem Conde, é o sentimento que sobra ao coração e sai pela mão.
A poesia é a faca que corta,sem sentir dor…
é um tapa na cara sem saber quem bateu…
é uma reação sem agressão… é a vida sem morte…
é um prazer de um beijo para quem nunca beijou…
a poesia não precisa ser compreendida para ser
entendida..
É sentir saudade de alguém que nunca partiu… é enxergar sem ver..
Poesia é um homem no escuro que vem em direção a luz…
é esconder o que fala abertamente…
Para Pablo Neruda, a poesia é um ato de paz. A paz entra dentro da composição de um poeta tal como a farinha entra na composição do pão.
A poesia é o desafio do não-dizer, a impossibilidade de dizer algo.
A matemática tem semelhança com esse estado de ser.
Em ambas há manifestação do divino, algo tão perfeito que transcende tudo.
A poesia é a alegria de se poder pensar, criar, e com sutileza transportar para o papel toda riqueza de detalhes do ontem, do hoje e do amanhã.
A poesia não é apenas um gênero literário, mas um olhar revelador de mistérios e uma sabedoria resgatadora da nossa profunda humanidade.
A poesia é um modo de ler o mundo e nele escrever um outro mundo.
Segundo Mário Quintana, é isso que faz com que a diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco porque a poesia é uma loucura lúcida.
Ou como diz Shakespeare, enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.