Hoje, 13 de março, é um dos grandes dias da história do Piauí.
Neste dia, no já distante ano de 1823, os caboclos piauienses pegaram em armas para enfrentar o poderoso e temido exército do major português João José da Cunha Fidié.
O destemor desse punhado de bravos, desses heróis anônimos recrutados em meio ao povo simples do Piauí não foi suficiente para vencer os portugueses, é verdade.
Mas a chamada Batalha do Jenipapo, travada na manhã de 13 de março, marcou a história.
Graças a ela desarticulamos as forças opressoras, consolidando nossa independência récem-proclamada.
Mais de 200 bravos morreram. Outros 542 foram feitos prisioneiros.
É o sangue dos que tombaram em nome da pátria que reverenciamos neste dia.
Sem eles nossa liberdade e nossa independência, muito provavelmente, teriam demorado muito mais a surgir no horizonte.
Esses são nossos verdadeiros heróis.
São heróis de verdade, são heróis que não existem mais,
São heróis de um estado pobre de heróis e que não costuma valorizar o que é seu.
São heróis de uma época em que ainda existia o amor ao país, o amor à pátria, o amor à liberdade.
Foram homens que se valeram de velhos facões e de foices para enfrentar uma força militar bem treinada e bem armada.
Foram homens que partiram para a batalha com a certeza da morte nos olhos.
Mas não recuaram.
Enfrentaram os canhões portugueses de peito aberto, certos de que estavam perdendo a vida em nome de uma causa, aliás, uma justa causa.
Estavam certos que a morte que chegava nas balas do inimigo não significava o fim: significava o início, significava o começo de um novo tempo, tempo de liberdade e de justiça social.
Não podemos aceitar, portanto, que esses homens tenham morrido em vão.
Não podemos aceitar que os nossos bravos morreram em vão, morreram sem razão.
Em vão e sem razão, com certeza, vivemos nós.
Vivemos em vão e sem razão porque ao longo do tempo nos perdemos em devaneios e esquecemos até mesmo a importância das causas pelas quais nossos heróis perderam a vida.
Pobres heróis.
Não honramos hoje os ideais dos nossos antepassados.
Não honramos a memória dos nossos pobres heróis esquecidos pelo tempo.
Mas tudo ainda pode ser consertado.
Ainda há tempo para reflexão, ainda há tempo para uma análise de consciência.
Ainda há tempo para uma reencarnação desses ideais consumidos pelo tempo, desses ideais perdidos, mas que 197 anos atrás forjaram a ideia de um país livre e justo.
Forjaram a ideia de um pais sem desigualdades.
Forjaram a ideia de um Brasil grande.
Até agora praticamente em vão.