Um filósofo francês do século 19 disse certa vez que os grandes são grandes e continuam grandes porque você está sempre de joelhos.
Estaríamos nós, aqui no Piauí, sempre de joelhos para que os outros nos pareçam tão grandes?
Ou estaríamos todos nós piauienses acometidos do que o escritor brasileiro Nélson Rodrigues chamou um dia de complexo de vira-lata?
O termo complexo de vira-lata surgiu em 1950 diante da derrota da seleção brasileira em pleno estádio do Maracanã na final daquela copa do mundo.
A expressão ganhou o mundo a tal ponto que hoje os brasileiros são vistos como seres menores em qualquer lugar do planeta.
Mas, e o Piauí?
E os piauienses como se sentem nesse contexto?
Nós, sim, podemos se dizer vítimas desse complexo de vira lata.
Afinal, nossa autoestima é sempre lá em baixo.
Nada acontece para que possamos criar coragem e sair desse estado absurdo de letargia eterna, dessa anestesia geral a que nos submetem desde sempre.
Ao contrário, tudo o que nos acontece, nos empurra ainda mais para baixo.
Na televisão nacional, quando um apresentador se lembra de perguntar a alguém qual a capital do Piauí, a resposta é sempre risível; na última vez que isso aconteceu responderam que a capital do Piauí chamava-se Nordeste.
Em 2007, o presidente de uma multinacional chamada Phillips, ao se referir ao marasmo cívico do brasileiro disse que não se pode pensar que o Brasil é um Piauí, no sentido de que tanto faz como tanto fez.
E aí veio a frase que nos nocauteou, nos jogou na lona, a frase que nos transformou no pior dos vira latas nacionais.
Disse ele, “Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado”.
Não poderia haver um empurrão maior rumo ao abismo psicológico.
Na mesma época, um humorista famoso resolveu percorrer as estradas esburacadas do Piauí e ao final da aventura escreveu: No Piauí, turista é coisa tão rara que deve ser igual à curupira, referindo-se à lenda daquela assombração que vive nas matas e que se diverte enganando os caçadores.
Mas nem matas o Piauí tem mais.
Em 2012, um ator veio fazer um show em Teresina e postou em sua página no facebook: Estamos em Teresina. Se é que o mundo tem c… o c… do mundo é aqui.
Todo mundo riu, menos nós.
Como não se sentir de joelhos diante de tudo isso?
Sem contar que ainda temos as piadas, muitas delas indecentes, infames, tipo: Piauí, nem o vento que vem de lá presta.
Existem pessoas no Piauí?: Ou Piauí, que lixo é esse?
E tem ainda aquela que diz que o Brasil deveria vender o Piauí, não presta mesmo!
Como não possuir o complexo de vira-latas?
Mas o filósofo francês que citei no início, também nos ensina a saída.
É levantar!
Levantemos, pois!