Aeroporto de Teresina, 8 de julho de 1980.
Já são passados 40 anos desta data, o principal personagem da história já morreu e virou santo.
O tempo, dizem, é rápido que só o vento, é rápido como a luz. O tempo passa num piscar de olhos. O hoje é o amanhã de ontem. O hoje será o amanhã de ontem.
O tempo pode ser tudo isso, pode ser até mais do que isso.
Mas, se o tempo passa com tanta rapidez, a saudade fica para sempre.
Saudade, nos ensinam, é o que fica daquilo que partiu, daquilo que já não é mais.
Saudade é ausência, é o sentimento de vazio que fica daquilo que se foi.
Às vezes a saudade é um vazio tão grande que ocupa muito espaço dentro do coração, e aperta tanto o peito que acaba transbordando e escorrendo pelos olhos.
Se sentimos saudades de algo ou de alguém é porque o objeto da saudade nos trouxe felicidade, foi algo ou alguém que amamos. Por isso a saudade dói.
A saudade é a insistência da memória de manter vivo, presente e perto de nós o que já não temos.
A saudade faz o ponto final virar uma vírgula na vida.
Por isso os que viveram o 8 de julho de 1980, não o esquecem.
Foi neste dia que o papa João Paulo II esteve em Teresina para denunciar a fome de nosso povo.
Ficou a saudade.
Ficou a saudade de um dia de poucas horas. Poucas horas, realmente, mas para nós piauienses, uma eternidade.
João Paulo II foi um papa peregrino, foi um líder que soube ir ao encontro do seu povo mundo afora.
– Pai, o povo tem fome!
– Pai Nosso, o seu povo passa fome!
Uma faixa rapidamente estendida e rapidamente tomada pela polícia ganhou o mundo inteiro.
No Brasil da ditadura militar o povo não tinha o que comer, passava fome.
O Piauí teve coragem de expor sua fome e o Papa levou-a mundo afora.
Graças a um papa colocamos para fora todos os nossos vexames. Esse sim foi um líder.
O líder é aquele que sabe tomar iniciativa, o líder sabe representar seus liderados.
O líder não pode ter medo de se expor, tem que possuir um forte senso de justiça e deve estar sempre pronto para ajudar e à disposição para ouvir o que os outros têm a dizer.
João Paulo II foi assim.
Não à toa ganhou respeito em todo o mundo.
Foi um homem de paz, porém duro quando necessário.
Embora nossa fome ainda seja uma triste realidade, o Piauí será eternamente grato a este homem.
Seu grito, afinal, ainda hoje ecoa nos ouvidos do mundo.
Pai, o Piauí tem fome!