O Brasil vai celebrar no próximo sábado, 25 de julho, o Dia do Escritor. Devemos muito ao escritor.
O português José Saramago, mestre da literatura mundial, dizia que somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não.
Fernando Pessoa, outro português e igualmente mestre, dizia que a literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
Para a brasileiríssima Ivone carvalho não é diferente:
Ser escritor é ser alguém privilegiado, detentor e um presente divino doado a muitos, mas não a todos, e, para alguns, de forma muito especial, mais abrangente, mais criativa, mais útil, mais sensível.
O escritor é aquele que é dotado da capacidade de expor, através das letras, o seu conhecimento, sua sensibilidade, sua criatividade.
O escritor entrega a todos a bagagem que carrega ou que busca dentro de si ou no seu semelhante, de forma simples ou complexa, clara ou obscura, suave ou categórica, real ou ilusória, marcante ou passageira, bem ou mal humorada.
Ser escritor é sentir correr nas veias a necessidade de transmitir o que se sabe, o que se cria, o que se sente.
É honrar, antes de tudo, a si mesmo, dando vazão à sua ânsia de partilhar com o silêncio, os seus sonhos, seus pensamentos, sua imaginação, seu sofrimento, sua alegria, sua dor, sua viagem interior, suas dúvidas, suas certezas, suas promessas, suas descobertas.
É respeitar, em igualdade, o seu leitor, aquele que busca nas letras um momento de lazer, divagação, questionamentos e saber.
Ser escritor é sentir-se em constante ligação com o desconhecido, o mistério, o ideal, o espaço, o abstrato, a ficção, o real, o imaginável, o futuro, o presente, o passado. É visualizar na mente o não vivido, o querer viver, o fazer de conta que viveu.
É saborear uma ponta de vaidade ao se descobrir portador da voz do leitor, o binóculo de sua alma, o seu interlocutor.
É ter o poder de minimizar suas próprias dores ou de extravasar a alegria que já não cabe dentro do peito, quando se encontra só.
É transformar o silêncio em som constante, ouvindo as palavras da própria alma.
É possuir a capacidade da fácil introspecção, de se manter na solidão, ausentando seus pensamentos dos movimentos ao seu redor, para uma viagem de encontro ao turbilhão que existe dentro de si ou ao vazio do momento.
É descobrir como transformar em poesia uma dor, uma façanha, um medo, o desequilíbrio, a insanidade, a vitória, a decepção, a nostalgia, a perda, a derrota.
Ser escritor é ser privilegiado, é ser artista, é poder compor, divulgar, esclarecer, criar dúvidas, questionar, cantar, calar sem deixar de dizer, falar sem precisar usar a voz, comunicar sem estar presente.
É ser presente mesmo estando ausente. É imortalizar os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus conhecimentos, as suas mensagens, os seus anseios.
É eternizar um simples pensamento.
É cantar o amor em verso e prosa. É sentir, num simples fechar de olhos, o calor, o tato, o perfume, a lágrima, o sorriso, o escuro, a luz, e transformar tudo isso em versos que calem na alma do leitor.
É pintar, com letras, o cenário da vida, a tela da alma, as cores do amor.
Parabéns, escritor!