Quem mente rouba e quem mente e rouba também mata.
Com certeza você já ouviu isso muito mais do que uma única vez.
A frase cai com uma luva na situação em que estamos vivendo.
A roubalheira no Brasil não é nenhuma novidade. A novidade é o volume de recursos desviados dos cofres públicos para cofres particulares. Coisa de bilhões.
No início dos anos 60, o governador paulista Ademar de Barros ficou tristemente conhecido como o governador que rouba… mas faz. O rouba, mas faz era uma espécie de elogio a um governante que, apesar dos desvios de conduta e do roubo escancarado do dinheiro público, fazia obras.
Esta é a diferença dos anos 60 de Ademar de Barros e os tempos atuais.
Ademar roubava, mas fazia.
E hoje, quando só roubam e nada fazem?
Mas o que leva um político a roubar dinheiro público? Esta é a grande questão.
Talvez quando se encontrar uma resposta para este questionamento descubra-se, finalmente, um antídoto poderoso contra a corrupção.
O difícil está em se conseguir essa resposta e através dela se chegar a uma fórmula eficaz.
O político geralmente começa sua carreira com promessas mirabolantes que de antemão sabe que não vai cumprir; eleito, muda de conduta e passa a usar de artimanhas inimagináveis para desviar recursos públicos em seu próprio proveito, pouco se importando se aquele dinheiro desviado era da merenda escolar e que por falta de merenda escolar crianças estão morrendo de fome; pouco importa se o dinheiro desviado era o da compra de remédios para idosos e carentes; pouco importa se o dinheiro desviado era para armar as forças de segurança.
O que importa é que o dinheiro está em seu cofre ou em sua conta nos paraísos fiscais do exterior.
Daí a atualidade da frase quem mente rouba e quem mente e rouba mata.
Crianças e idosos a quem o poder público tem o dever e a obrigação de proteger, em muitos casos continuam sem merenda escolar e sem remédios; a população está morrendo à falta de atendimento médico e pelas mãos dos bandidos, porque o dinheiro da segurança também foi roubado.
Em seu livro “O Caçador de Pipas”, o médico e romancista afegão Khaled Hosseini diz que existe apenas um pecado. Um só. E esse pecado é roubar.
Qualquer outro pecado é simplesmente a variação do roubo.
Quando você mata um homem, está roubando uma vida. Está roubando da esposa, o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai.
Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade.
Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.
É exatamente isso que está acontecendo no Brasil.
Estão mentindo, roubando e matando.
E o pior, impunemente.