Segunda-feira, 2 de novembro, é dia de reverência aos mortos. É o dia de finados.
O dia de finados não é para lembrar como as pessoas morreram, é para recordar como elas viveram.
A visita ao túmulo é para rezar a memória do amor que fica.
A morte ainda é um dos maiores mistérios da vida.
A morte é como o ladrão, chega sem avisar.
Morrer é algo que nem quem vai, nem quem fica estão preparados para compreender. Uma hora estamos entre todos, outra hora estamos distantes e sozinhos.
Não há rico, pobre, inteligente, famoso, político, empresário, não há trabalhador, mendigo, ninguém escapa desse encontro.
Todos nós, vivendo muito ou pouco, de causas naturais, sem culpa, intencionalmente, ela o encontrará um dia.
A dura realidade é que a morte faz parte da vida, é o fim do curso vital, é uma invenção da própria vida em sua evolução.
Morrer é uma experiência profundamente humana. Aliás, é a morte que confere um certo gosto e encanto à vida, pois se tudo fosse indefinidamente repetível, a vida se tornaria indiferente, insossa e até desesperadora.
A morte é um bem, uma manifestação da sabedoria do Criador.
Para os que crêem na eternidade, a morte é porta de entrada da vida, o acesso a uma realidade superior, a posse da plenitude.
Assim a morte é um ganho, a morte é a verdadeira libertação, uma bênção que livra a vida do tédio.
Do ponto de vista racional ou filosófico, a morte é repugnante.
Buda escreveu que o homem comum pensa com indiferença na morte de um estranho, com tristeza na morte de um parente e com horror na própria morte. Quando morre o filho ou a mulher do próximo, todos dizem: é a lei da humanidade. Mas, quando morre o próprio filho ou a própria mulher, o que se ouve são gemidos, gritos e lágrimas.
Mas, como diz o poeta, a mais bonita lágrima é a lágrima da saudade, pois ela nasce de risos que já se foram e de sonhos que não se acabam.
Que os nossos mortos descansem em paz.