Na visão de Odilo Sena, titular da 13ª Delegacia de Polícia de Teresina, criminosos se aproveitam da impunidade promovida por um sistema de segurança falho
Os golpes financeiros sempre foram uma dor de cabeça para as vítimas dos roubos e também para os órgãos policiais. No início deste ano, por exemplo, dados pessoais de mais de 220 milhões de brasileiros foram vazados na Internet por um grupo de hackers posteriormente capturado pela Polícia Federal. Dentre as informações constavam nomes, números de CPF e CNPJ e datas de nascimento, que puderam ser obtidos por criminosos de forma gratuita.
Com o intuito de combater as fraudes, o delegado titular da 13ª Delegacia de Polícia de Teresina, Odilo Sena, realiza um trabalho de prevenção e conscientização acerca de tais práticas maliciosas em suas redes sociais. Em entrevista ao JT1 da Teresina FM, elencou os golpes mais recentes elaborados pelos criminosos da capital e regiões vizinhas.
“Um dos mais perniciosos é o chamado golpe do motoboy. Criminosos ligam para as pessoas fingindo representarem os bancos nos quais elas possuem conta. Alegam que o cartão de crédito delas foi clonado e as orienta a quebrarem o cartão, conservando somente o chip. Então enviam um comparsa, geralmente em uma motocicleta, à casa da vítima para recolher o chip e com ele realizar transações fraudulentas”, explicou.
O delegado citou ainda outros golpes, como o das falsas orações por telefone, que recolhem trechos de voz da vítima para utilizarem em operações bancárias, e o das premiações inexistentes pelos smartphones, que levam o cidadão a acessarem sites duvidosos, por meio dos quais os criminosos invadem seu telefone celular.
De forma a melhor atender as denúncias das vítimas, a Polícia Civil tem implantado um novo Sistema de Procedimentos Policiais Eletrônicos (PPE). Por meio do sistema, os agentes podem registrar os boletins de ocorrência virtualmente. No entanto, Sena considera que muitos policiais enfrentam sérias restrições técnicas por não estarem capacitados a manusear as ferramentas do PPE.
Na visão do delegado da 13ª DP, a segurança pública é relegada a segundo plano no Brasil. “Passamos 30, 40 anos investindo em tudo, menos na segurança interna e externa. Ainda que a polícia faça seu trabalho e capture os criminosos, logo em seguida os magistrados desfazem a decisão dos agentes, colocando os infratores em liberdade e declarando que não representam uma ameaça à sociedade”, afirmou.
Para Sena, portanto, o sistema de segurança brasileiro é falho, uma vez que a legislação não é dura o suficiente para coibir práticas ilegais. Além disso, acredita que há no país uma cultura de defesa dos criminosos e um consequente incentivo ao crime, diante do cenário geral de impunidade. “Creio que a partir do momento que a decisão sai das mãos da polícia, não funciona mais. Ainda que haja boas leis, péssimos magistrados não resolvem os problemas”, frisou.
Assim, perante a ineficiência do sistema, pontuou que a informação é a melhor arma da população contra fraudes e golpes. Do mesmo modo, reforçou a necessidade de integração entre as diferentes Polícias para troca de informações e solução dos crimes.