31/10/2024

Polícia

Major Diego alerta para caça de policiais militares por criminosos: “Epidemia de violência”

Presidente da Amepi cita caso de PM de Valença e destaca dados alarmantes de mortes de agentes no Piauí

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Publicado por: FM No Tempo 09/11/2021, 09:27

Um caso de violência contra um policial militar em Valença do Piauí, a 216 km de Teresina, chocou os piauienses. Nesta segunda-feira (8), um cabo da PM foi abordado por três criminosos no centro da cidade, que o agrediram e roubaram sua arma em plena luz do dia. Segundo dados fornecidos pela Associação de Oficiais Militares do Piauí (Amepi), de 2015 para cá, 78 agentes foram mortos de forma violenta, o equivalente a um policial assassinado por mês. Além disso, outros 122 sofreram lesões graves em incidentes do gênero.

De acordo com o presidente da associação, major Diego Melo, está em curso no Piauí uma caça aos policiais militares por parte de facções criminosas. “A situação pode ser caracterizada como uma epidemia de violência. Os casos têm acontecido às vistas de todos e, no entanto, poucas ou nenhuma providência são adotadas. Não se verifica os mesmos esforços empregados no enfrentamento à Covid, por exemplo, na área de segurança pública”, afirmou em entrevista ao JT1 da Teresina FM nesta terça-feira (9).

Líder da associação critica ausência de investimentos robustos na segurança pública estadual (Foto: Teresina FM)

Para o entrevistado, em muitos casos há trabalhos planejados. O major lembrou que os bandidos devem assassinar policiais militares para subirem de posição dentro das facções e, nesse intuito, levantam dados pessoais dos agentes, tais como endereço, dias e horários de folga. Também destacou que o Piauí atesta hoje a experiência vivida pelo estado do Rio de Janeiro há vários anos, dominado por grupos criminosos que se infiltram na política e elegem seus próprios representantes.

“O governo federal tem sido o único a aumentar os investimentos em segurança pública no nosso estado. Pode-se verificar os resultados disso nas reformas de postos da PF, na oferta de concursos, na valorização salarial dos agentes. Por outro lado, a nível municipal e estadual muito pouco foi realizado. Na contramão do avanço da União, as infraestruturas aqui existentes estão sendo deterioradas”, comparou Melo.

Nesse sentido, o presidente da Amepi ressaltou a importância de se investir nos três pilares da segurança: valorização dos policiais, condições de trabalho e estratégias de enfrentamento. O major criticou os recentes desmanches do programa Ronda Cidadão e do policiamento aéreo, bem como a pequena quantidade de câmeras de segurança espalhadas pelos municípios e postos da PM. Acrescentou ainda que há uma cultura de defesa dos criminosos, inclusive com medidas apoiadas pelos deputados federais do Piauí que beneficiam bandidos.

Em seguida, trouxe dados a respeito da criminalidade em Santa Catarina, estado que registra apenas seis homicídios para cada cem habitantes. O Piauí, por sua vez, apresenta a taxa de 20 homicídios por cem moradores, enquanto na capital Teresina se verifica a quantidade de 40 assassinatos por cem cidadãos. Melo reforçou que, em sua visão, a segurança pública compete às polícias e não a qualquer outro agente.

O líder da associação comentou que há seis anos denuncia a atuação de facções criminosas no estado, mas somente agora as autoridades políticas reconhecem sua existência. “O ideal é que o trabalho de segurança seja pensado a longo prazo. É necessário haver um planejamento anual para a realização de concursos, por exemplo. Outra ação excelente seria uma parceria público-privada entre a PM e clubes de tiro, com o intuito de acostumar os agentes a atirarem com frequência”, pontuou.

Por fim, Melo chamou a atenção aos efeitos psicofísicos das abordagens violentas aos policiais, bem como pediu por um acompanhamento adequado a vítimas como o agente de Valença. Conclamou ainda os deputados e senadores a elaborarem leis mais rígidas contra a criminalidade, destacando que a “impunidade é mãe e pai da violência”.

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