Segundo a PF, instituições não possuem em seu rol de atividades principais a prestação de serviços educacionais
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (2) a Operação Aquarela com o objetivo de apurar irregularidades em contratos firmados entre a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e empresas prestadoras de serviços no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos (Pro Aja).
Ao todo, 42 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), serão cumpridos por cerca de 140 policiais federais e sete auditores da Controladoria-Geral da União (CGU) nos municípios de Alegrete, Campo Maior, Pedro II, São João do Arraial, Teresina, Valença e Timon.
De acordo com as investigações, realizadas em parceria com a CGU e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI), a Seduc lançou, em junho do ano passado, um edital de seleção de instituições públicas e privadas para a prestação de serviços ao Pro Aja.
Para a execução dos serviços foram firmados, mediante licitação e através de credenciamento, dezenas de contratos milionários entre a Seduc e 52 empresas e instituições, custeados com recursos de precatórios do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que totalizam mais de R$ 217 milhões, em valores empenhados até 19 de agosto deste ano.
Ainda segundo a PF, as empresas credenciadas pela pasta estadual não possuem em seu rol de atividades principais a prestação de serviços educacionais, bem como não detêm capacidade financeira e operacional para desenvolver o objeto dos contratos, que implica na oferta de turmas em 223 municípios piauienses, de modo que, mesmo após o recebimento dos recursos, não ampliaram o número de funcionários empenhados em desenvolver as atividades.
Por este motivo, as aulas de turmas que não ocupam salas de escolas públicas são realizadas em ambientes residenciais com estrutura física improvisada e inadequada, com o uso de material didático, quando ofertado, indevidamente adaptado ao grupo de alunos, cujo perfil é marcado pela pluralidade nos aspectos de idade, sexo, vivência, qualificação profissional e grau de escolaridade.
Há ainda a oferta de lanche sem conteúdo nutritivo quanto à quantidade e qualidade dos alimentos, consistindo em biscoitos de água e sal e sucos, em desacordo com os projetos apresentados no credenciamento das empresas, que continham itens variados, de rico valor nutricional e definidos por profissionais competentes.
Os envolvidos podem responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, emprego irregular de verbas ou rendas públicas e fraude à licitação.
Em nota divulgada à imprensa, a Seduc afirmou que “colabora plenamente” com a investigação da PF e frisou que o Pro Aja é executado “com muita segurança, transparência e lisura”. Confira a manifestação logo abaixo:
A Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc) informa que está colaborando plenamente com a investigação em curso da Polícia Federal que investiga instituições/empresas para prestação de serviços educacionais no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos. A Seduc ressalta que o Proaja vem sendo executado com muita segurança, transparência e lisura, cumprindo todos os regramentos estabelecidos pela lei que instituiu o programa, e se coloca à total disposição dos órgãos de controle para esclarecer quaisquer questionamentos, sempre visando a transparência e o correto funcionamento da administração pública.