Delegado Charles Pessoa falou à Teresina FM sobre as estratégias para reduzir a atuação desses grupos criminosos no estado
Matéria de Kelvyn Coutinho
Nesta sexta-feira (16), o delegado Charles Pessoa, coordenador do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRACO), concedeu entrevista ao Jornal da Teresina 1ª Edição e falou sobre o trabalho do departamento no combate às organizações criminosas no Piauí.
Segundo Charles Pessoa, a metodologia utilizada pela Polícia Civil foca na organização como um todo, não apenas em membros específicos, como estratégia para desarticular o funcionamento desses grupos.
“Criamos uma metodologia que nosso foco é a facção. Essas organizações são estruturadas em formato de pirâmide, temos a base que são a maior parte dos membros, que são quem executam as ações criminosas a mando de uma pequena cúlpula, que são o topo da pirâmide. Essa base representa mais de 95% dos membros. Não se pode combater uma facção se focar apenas nos 5% restantes, porque quando se prende um membro da alta cúlpula, ele é facilmente substituído. Para desmantelar esse todo, obrigatoriamente que temos que focar na maior parte, que são esses membros da base”, comentou.
O delegado afirmou que um dos maiores desafios para o combate às organizações criminosas é o poder de cooptação de novos membros que esses grupos possuem, indo de encontro à desarticulação de células dessas organizações feita pela polícia.
“Essas organizações começaram cooptando pessoas dentro do sistema prisional, depois começaram a fazer isso fora das prisões, pregando um falso assistencialismo, dizendo que, a partir do momento que as pessoas integrassem esses grupos, elas teriam proteção, condições de adquirir entorpecentes a preço mais barato para ter um lucro maior no tráfico, assistência para cometer roubos, lavagem de dinheiro, etc. Além da imposição indireta, quando esses grupos têm influência sobre uma região, as pessoas que atuam na criminalidade nesses locais acabam tendo que adentrar nessas facções”, disse.
O coordenador do DRACO citou que há uma integração com o Ministério Público do Piauí e o Poder Judiciário e que as pessoas que têm envolvimento com facções criminosas estão sendo mantidas presas, o que ajuda a diminuir a incidência de crimes.
“O DRACO têm uma integração muito forte com o Poder Judiciário e o MP, não temos nenhuma reclamação, a grande maioria das nossas representações contra essas pessoas estão sendo acolhidas e elas estão permanecendo presas. Em uma situação ou outra que temos alguma brecha da legislação e algumas dessas pessoas acabam sendo colocadas em liberdade. Nós temos um planejamento, estabelecemos metas, fizemos um diagnóstico para ações do futuro. Temos um preparo dos policiais para que todas as pessoas que são conduzidas pelo DRACO ao sistema penitenciário sejam monitoradas, mesmo quando são postas em liberdade. Caso essa pessoa volte a realizar crimes, será novamente alvo do DRACO”, mencionou.
Questionado sobre a efetividade do combate às facções no Piauí para reduzir a criminalidade, o delegado destacou que as ações do DRACO têm contribuído para diminuir a incidência de uma série de crimes.
“É um acompanhamento diário, já observamos uma redução grande de crimes violentos em todo o estado, e o DRACO tem uma grande contribuição. Quando se tira um faccionado de circulação, estamos evitando um homicídio, um roubo, um latrocínio, um tráfico de entorpecentes. Observamos que antes estávamos com o gráfico extremamente ascendente no que diz respeito aos crimes violentos, mas hoje já vemos essa redução”, concluiu.