Com 96,795% das urnas processadas, candidato da esquerda radical tem 86 mil votos à frente da candidata da direita conservadora. Diferença é de 0,5 ponto percentual
Pedro Castillo continua à frente de Keiko Fujimori na apuração da eleição presidencial no Peru na manhã desta terça-feira (8), por estreita vantagem de apenas 86 mil votos, em um pleito atestado por observadores internacionais.
A filha do ex-ditador Alberto Fujimori denunciou no fim da noite de segunda-feira (7) “uma série de irregularidades” e “indícios de fraude” em seções rurais, mas garantiu ter fé de que reverterá o resultado (veja mais abaixo).
O partido de Castillo, o Perú Libre, rechaçou as acusações. “O Perú Libre jamais recorreu à fraude eleitoral. Ao contrário, sempre foi vítima dela, e, apesar de tudo, soubemos enfrentar e vencer”.
A candidata da direita conservadora chegou a liderar a corrida presidencial no início da apuração, com a contagem dos votos da capital Lima e das grandes cidades, mas foi ultrapassada pelo candidato da esquerda radical com os votos do interior.
Com 96,785% das urnas apuradas, Castillo tem 50,254% dos votos válidos, contra 49,746% de Keiko, segundo o Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, na sigla em espanhol). São 8.584.187 votos a 8.497.312, uma diferença de apenas 86.875 votos para Castillo (ou 0,508 ponto percentual).
Pode ser decisiva a votação de peruanos no exterior. São quase um milhão de peruanos habilitados para votar.
“Há uma clara intenção de boicotar a vontade popular”, afirmou Keiko, que mostrou vídeos e fotos para apoiar suas denúncias — entre elas a ata de uma seção rural onde Castillo obteve 187 votos e ela, nenhum.
“Estamos recebendo notícias de irregularidades e por isso pedimos a ajuda de vocês, eleitores e apoiadores”, disse a candidata da direita conservadora.
A Uniore (Missão de Observação da União Interamericana de Organizações Eleitorais) afirmou que o processo eleitoral foi “correto e bem sucedido, de acordo com padrões nacionais e internacionais”.
Iván Lanegra, secretário-general da associação civil Transparência, afirmou a uma TV local que não se pode falar em fraude no processo eleitoral. “Cinco casos, que devem ser devidamente apurados, não implicam em hipótese alguma um indício que nos permita usar a palavra fraude”.
Rubén Ramírez Lezcano, chefe da Missão de Observação Eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos) e ex-chanceler do Paraguai, disse que os dados recolhidos pela missão confirmam um resultado apertado e pediu que “quaisquer inconformidades sejam resolvidas pelos canais legais”.
Lezcano apoiou o trabalho das autoridades eleitorais peruanas e afirmou que “a conduta [dos candidatos] neste momento é crucial e decisiva para manter o clima de tranquilidade”.
Fonte: G1