19/11/2024

Política

Bolsonaro faz ofensiva para reforçar laços com evangélicos e ruralistas de olho na reeleição

Presidente busca se afastar de apoiadores mais radicais e se reaproximar de setores fundamentais para sua eleição em 2018

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Publicado por: Lilian Oliveira 12/10/2021, 13:30

Há mais de um mês em trégua com o Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desencadeou uma ofensiva para se reaproximar de dois setores que foram fundamentais para sua eleição em 2018.

A avaliação de aliados no Palácio do Planalto é que o presidente precisa reforçar laços com ruralistas e, principalmente, evangélicos. Ambos os grupos são considerados essenciais por terem condições de mobilizar a base eleitoral durante a campanha de 2022.

Foto: William Volcov/Folhapress

Auxiliares de Bolsonaro estão preocupados com as tentativas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de abrir pontos de interlocução com os evangélicos. Isso em um cenário de insatisfação de líderes religiosos com a demora da confirmação de André Mendonça para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Como a Folha mostrou, líderes de segmentos evangélicos se insurgiram contra articulações para apresentar alternativa ao nome de Mendonça. O pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, por exemplo, divulgou nesta segunda (11) um vídeo com ataques ao ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil.

Os ruralistas, por sua vez, têm ensaiado críticas reservadas ao governo, principalmente pela falta de avanço de projetos caros ao setor no Congresso.

Os acenos aos dois grupos também são uma forma de Bolsonaro mobilizar apoiadores ao reafirmar compromissos com pautas conservadoras —como a oposição ao aborto e a demarcação de novas terras indígenas—, em um momento em que ele suspendeu a retórica de raiz golpista empregada até as manifestações do 7 de Setembro.

Na semana passada, Bolsonaro compareceu a um simpósio com centenas de evangélicos em Brasília.

De acordo com líderes religiosos ouvidos pela Folha, a presença de Bolsonaro foi uma forma de prestigiar pastores que não estão nas cúpulas das igrejas e que, portanto, não têm acesso livre ao presidente. Tanto que, ao final do evento, Bolsonaro ficou por mais de uma hora no local tirando fotos com os participantes.

Já estão sendo planejadas novas incursões de Bolsonaro nesse segmento. No próximo dia 27, ele deve participar da Convenção da Assembleia de Deus no Brasil em Manaus, um dos mais importantes eventos da denominação.

Embora seja católico, Bolsonaro é alvo de críticas na cúpula da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

O presidente da entidade, dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou​ vídeo às vésperas dos atos bolsonaristas do 7 de Setembro pedindo ao brasileiro que “não se deixe convencer por quem agride os Poderes Legislativo e Judiciário”.

Bolsonaro deve ir nesta terça (12) ao Santuário de Aparecida (SP), em meio às homenagens à padroeira do Brasil.

Nos eventos com os evangélicos, Bolsonaro tem se esforçado para se apresentar como o único candidato que representa valores conservadores.

“A maioria esmagadora do povo brasileiro são pessoas do bem. Respeitemos as minorias, mas as leis são para que eles se mantenham na linha, e não nós —que já estamos na linha”, disse Bolsonaro no simpósio.

“Quantas vezes vocês já me viram abrindo um discurso [dizendo]? ‘Temos um presidente que acredita em Deus; que respeita os militares e a Constituição; que defende a família tradicional; e que deve lealdade ao seu povo'”.

A frase que se tornou bordão de Bolsonaro encerrou, ao lado de uma foto sua, a revista do simpósio, distribuída aos participantes no final do encontro.

A maior parte da publicação também foi dedicada aos ministros Milton Ribeiro (Educação), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

Ao lado das fotos deles, estavam listadas as principais ações da pasta e uma espécie de mensagem.

A aliança com os evangélicos é a principal razão para que Bolsonaro mantenha a indicação de André Mendonça para a vaga no STF.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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