Chefe do Executivo brasileiro declarou que não tem o que falar no momento com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista à Jovem Pan News, nesta segunda-feira (28), que nunca pregou solidariedade a nenhum país, mas sim o equilíbrio, em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
“O Brasil é grande, mas nós temos que entender que temos limitações. Quem tem razão? Quem ganha a guerra? Quem tem mais canhão. Infelizmente tem gente morrendo, a gente espera que o mais rapidamente cesse e que se chegue a um acordo. Eu nunca preguei solidariedade a nenhum país, sempre preguei o equilíbrio”, proclamou Bolsonaro.
Sobre uma nova resolução contra a Rússia que deve ser votada em breve na Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo alegou que não sabe qual será a posição do Brasil, mas que não quer alinhamento com nenhum lado.
“Estão estudando uma nova resolução, será votada na terça ou na quarta. Qual será a posição do Brasil? Eu não sei, eu não vou estar alinhado com um lado e nem com outro, vamos ver onde vai isso aí. Nenhum país quer que as sanções atinjam a si próprios e o Brasil não é diferente disso.”
Na reunião da última sexta-feira (25), o Brasil e outros dez países votaram a favor de uma resolução que condena a invasão do território ucraniano e pede a retirada de tropas. A Rússia foi contra e vetou a medida. No último domingo (27), o país também foi a favor de uma reunião emergencial da Assembleia-Geral para tratar sobre o tema.
Ratificando a questão dos fertilizantes, Bolsonaro questionou: “sem os fertilizantes, como fica o problema da fome no Brasil? A inflação dos alimentos? A segurança alimentar? Tem que estudar isso aí, eu não vou dar palpite nesta questão”. O país importa mais de 80% dos fertilizantes utilizados na produção agrícola, e tem parceria comercial com os russos, um dos maiores produtores do insumo no mundo.
Em viagem à Rússia, em 16 de fevereiro, Bolsonaro discursou ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin. No encontro, disse que prega a paz e respeita “quem age desta maneira” e que era solidário ao país.
Os Estados Unidos criticaram o discurso de Bolsonaro na Rússia, afirmando que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, quando as forças russas se preparam para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, informou à CNN um porta-voz do Departamento de Estado.
Bolsonaro sustentou, em 24 de fevereiro, que seria sua a decisão sobre o posicionamento do Brasil frente à guerra na Ucrânia. “Quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar o Artigo 84 [da Constituição Federal]. Quem está falando isso está falando sobre o que não lhe compete”, referiu Bolsonaro em transmissão pelas redes sociais.
A fala aconteceu após o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos. “Tem que haver o uso da força. Realmente um apoio à Ucrânia maior do que o que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, indicou Mourão.
A respeito de uma eventual conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Bolsonaro declarou que não tem o que falar no momento e que “lamenta” por isso.
“Alguns querem que eu converse com o presidente da Ucrânia, eu não tenho o que falar com ele no momento, eu lamento”, anunciou.
“Por nós não teria guerra em nenhum lugar do mundo, mas não é assim. Queremos paz, tranquilidade, respeito, autonomia. Eu falei na Rússia também, que alguns países queriam que a autonomia da Amazônia não seria mais nossa e quem ficou do nosso lado foi o Putin.”
Fonte: CNN Brasil