Alegando ter sido desacatado, o parlamentar acionou a Polícia Militar
O deputado estadual Oliveira Neto (PT) acionou a Polícia Militar para prender servidores da prefeitura de Miguel Alves, na região Norte do Piauí. Segundo o parlamentar, o grupo invadiu uma propriedade particular onde estava e o desacatou.
Os servidores foram ao local, na zona rural de Miguel Alves, confirmou o deputado, cobrar dele plano de contingência e alvará para um show do cantor de forró Wesley Safadão que vai acontecer na cidade.
Vídeos que circulam em grupos de WhatsApp desde a quinta-feira (19) registraram o episódio. Oliveira Neto aparece batendo boca com um homem, que o parlamentar afirmou ser o secretário de Tributos de Miguel Alves; os demais servidores não foram identificados.
“Estive no nosso município e na casa de um grande amigo Zezé Torres, um amigo de longas datas. Fomos surpreendidos pela equipe de fiscalização da prefeitura porque logo ali próximo à casa do amigo Zézé Torres acontecerá um show de Wesley Safadão, de Chicabana, que é o Miguel Alves Solidária, onde um grupo de empresários está fazendo esse show para arrecadar alimentos e doar para as famílias carentes de toda a região. E lá fomos procurados pelo secretário de Tributos do Município, que veio fazer vários questionamentos à minha pessoa. E eu, sem entendo, perguntei o porquê desses questionamentos”, explicou Oliveira em entrevista à Teresina FM.
O fato aconteceu justamente nesta quinta. Não houve registro de agressões físicas.
“Se ele [o secretário de Tributos] queria saber alguma coisa da festa, ele teria que procurar a empresa que está fazendo o evento, e não a mim. E lá, tanto ele como algumas pessoas que estavam com eles, que estavam gravando, se alteraram e vieram. Nos desrespeitou e também o dono da casa; eles invadiram a casa de um cidadão, foi quando nós nos revoltamos. Tentaram nos agredir, [o secretário] nos agrediu verbalmente e pedimos a prisão dele por agressão e desacato”, acrescentou o deputado.
Safadão vai se apresentar na próxima segunda-feira (23) em uma festa destinada à comemoração dos 110 anos de emancipação política de Miguel Alves. O evento, segundo informações obtidas pela nossa reportagem, foi levado para o interior da cidade devido a um decreto do prefeito Veim da Fetraf (PL) publicado em 28 de abril.
O documento estabelece a proibição de “festas ou qualquer outro evento com fins lucrativos, realizados em espaços privados ou públicos, durante as festividades comemorativas aos 110 anos de emancipação política de Miguel Alves, nos dias 22, 23 e 24 de maio”.
Outra coincidência, ou não, é que o show de Wesley Safadão na cidade vai ser solidário, a entrada será 2 kg de alimentos.
A promotora de Justiça Luana Alves pediu que o Ministério Público Eleitoral (MPE) investigue o deputado devido à suspeita de destinação de uma emenda (que seria de R$ 300 mil) para a contratação do show do cantor de forró Wesley Safadão em Miguel Alves, terra natal de Oliveira Neto. A suspeita é de uso de recursos públicos para a realização de campanha eleitoral antecipada.
Em entrevista à Teresina FM, o deputado estadual Oliveira Neto negou que tenha direcionado qualquer valor para a realização do evento.
O petista é rival do grupo que hoje administra o município de Miguel Alves. Ele, aliás, acusa o atual prefeito de perseguição política. “Muito me admira, isso, volto a dizer, foi mais um pedido do prefeito de Miguel Alves nos perseguindo, tentando nos perseguir. Mas é aquele ditado: a verdade sempre chega e o bem sempre vence o mau. Nós iremos sim provar, quando chegar até a gente qualquer pedido de informação, que não tem nenhum centavo de recursos públicos, de emendas nossas, para eventos”, declarou.
Não conseguimos contato com Veim da Fetraf nem com os servidores envolvidos na confusão com o deputado.