Elementos como índice de rejeição, preferência dos votantes e polarização da disputa impactam rumos dos pleitos no Brasil
Matéria de Rodrigo Carvalho
Essa é a segunda de uma série de reportagens sobre pesquisas eleitorais. Na quarta-feira (13), você viu que levantamentos divulgados em datas próximas têm apresentado resultados discrepantes nas porcentagens, causando confusão entre os eleitores.
Você acompanha as pesquisas eleitorais? Os números divulgados pelos institutos influenciam o seu voto? A reportagem da Teresina FM foi às ruas para saber o que pensa o eleitor piauiense sobre os levantamentos de intenção de voto.
Para o taxista Abel Vicente, estes não exercem nenhuma influência. “Tenho minhas opiniões formadas. [As pesquisas] não me induzem a nada”, assegura.
Já a vigilante Francisca Oliveira pensa diferente: na sua visão, as pesquisas influenciam bastante os eleitores. “Há muitos jovens que ainda não participaram das eleições e tomam suas decisões com base no que os pais lhes dizem. Os pais, por sua vez, assistem aos jornais e se baseiam no que os cenários eleitorais mostram”, considera.
Victor Sandes, cientista político pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), explica que o impacto que os levantamentos podem exercer na escolha do voto do eleitor ocorre de forma relativa.
“É claro que existem outros aspectos centrais, tais como a rejeição. Muitas vezes o candidato que está na frente possui índices altíssimos, o que impede mais eleitores de seguirem na mesma direção. Sem falar na pergunta espontânea, que apenas revela a preferência consolidada de alguns eleitores”, ressalta.
Em relação à ajuda na polarização da disputa eleitoral, Sandes afirma que se trata de um fenômeno da política nacional e independe das entrevistas.
“Há um efeito mecânico, no modelo de disputa majoritária, que reduz não somente o número de candidatos, mas também direciona a escolha do eleitor a poucos candidatos. Dessa forma, a eleição fica mais afunilada”, avalia.
Nesse sentido, o especialista aponta ainda que, apesar de as pesquisas indicarem tendências, o resultado das urnas pode ser diferente.
“Quando a tendência é cimentada ao longo do tempo, é difícil que o candidato em questão não surja à frente dos demais. Logicamente, a eleição é decidida pelo voto nas urnas: os próprios eleitores podem mudar de ideia no dia do pleito”, complementa.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) no ano de 2018 perguntou aos eleitores quais fontes de informação levam em conta para decidirem o voto.
Nas primeiras posições figuram “notícias na TV” (42%), “debate entre candidatos” (38%) e “conversa com amigos, colegas, familiares” (35%). A opção “resultados de pesquisa e prévias eleitorais” aparece em décimo lugar, entre 16 categorias possíveis, sendo mencionada por apenas 7% dos entrevistados.
Na terceira e última reportagem, que sai nesta sexta-feira (15), você confere as alterações feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas regras para registro e divulgação das pesquisas eleitorais.