Da Redação

Ascensão política de Jeová Alencar

Jeová Alencar, após liderar o DETRAN no governo de Wilson Martins, ascendeu politicamente através de indicações familiares e manobras estratégicas. Recém-saído do órgão e com o apoio do tio, o então deputado estadual Henrique Rebelo, Jeová foi eleito vereador de Teresina em 2012 pelo PTC, de Evaldo Gomes, com 3.569 votos. Naquele ano, Dr. Pessoa também foi eleito para a Câmara Municipal com 9.293, quase o triplo de votos de Jeová, sem nunca ter ocupado cargos no governo ou na prefeitura.

Com um histórico de mudanças de alianças, passou de aliado a adversário de diversas figuras políticas influentes.

Jeová Alencar (Foto: Arquivo/Teresina FM)

Em 2016, Jeová Alencar concorreu novamente à Câmara de Vereadores. Naquele ano, filiado ao PSDB, recebeu o apoio do então prefeito Firmino Filho, seu correligionário, e alcançou 10.194 votos. Mas rompeu com Firmino Filho logo em seguida, numa disputa pela presidência da Câmara Municipal de Teresina, rompendo um acordo de alternância desenhado pelo então prefeito da capital.

Em 2018, o rompimento com Firmino Filho tornou-se público. Jeová se uniu a Wellington Dias e Themístocles Filho naquela eleição. “O meu apoio ao governador Wellington Dias e ao deputado Themístocles é incondicional. Entendo que o governador é o mais preparado para cuidar do Piauí. E nessa reunião firmamos esse apoio. Mesmo sendo o prefeito Firmino Filho ou qualquer outra pessoa candidato pelo meu partido, o meu voto ao governador e ao deputado Themístocles é incondicional”, disse Jeová Alencar à época.

O apoio de Jeová Alencar foi retribuído por Themístocles Filho em 2020. Ele também pegou carona na eleição do Dr. Pessoa. Colou no candidato. Em 2021, vaticinou no MDB: “Dr. Pessoa está correto quando diz que o MDB tem musculatura política no Piauí. [Para uma disputa majoritária] temos o senador Marcelo Castro, deputado Themístocles Filho, o Dr. Pessoa que é hoje um dos maiores líderes do Piauí pela popularidade, história de vida, sua maneira simples de administrar as coisas. Ele também é um grande nome e tem razão quando diz que o MDB não será coadjuvante”.

Deu certo. Naquele ano, Alencar, filiado ao MDB e aliado dos petistas, alcançou 11.062 votos para vereador em Teresina. Foi o mais votado. E Dr. Pessoa foi eleito prefeito de Teresina.

Sua habilidade em navegar no cenário político de Teresina foi exemplificada mais uma vez por sua eleição a deputado estadual em 2022.

Naquela última eleição, ele já havia rompido com Themístocles Filho. Com o PT. E, eleitoralmente, ensaiou o primeiro rompimento com Dr. Pessoa, decidindo apoiar Silvio Mendes para o governo. A expectativa, segundo as fontes, era de que Silvio ganharia a eleição e retribuiria o apoio a Jeová, que já ensaiava romper de vez com Dr. Pessoa e lançar sua candidatura.

Não deu certo. Silvio Mendes perdeu a eleição e Jeová voltou aos braços do prefeito. Mas foi eleito deputado estadual, comandando as chapas do Republicanos, e derrotando o correligionário, o Pastor Gessivaldo Isaías. Jeová Alencar (REPUBLICANOS), apoiado pelo
Dr. Pessoa, obteve 44.095 votos.

A Era de Influência na Prefeitura

Como superintendente da SAAD, Jeová Alencar desfrutou de um orçamento significativo e da confiança do prefeito Dr. Pessoa. Durante seu mandato, acumulou grande poder e influência, controlando cerca de 900 cargos na administração municipal. Esta posição de destaque, no entanto, foi acompanhada de estratégias que visavam seu próprio avanço político, muitas vezes em detrimento de aliados e da própria gestão municipal.

O Jogo de Xadrez de Jeová Alencar

Manobras e Traições

Fontes internas revelam que Jeová Alencar planejou meticulosamente a desestabilização da gestão do prefeito Dr. Pessoa, com o objetivo de tornar-se uma figura central nas próximas eleições municipais. Essas manobras incluíram a cooptação de secretários e o bloqueio de iniciativas políticas cruciais da própria prefeitura, prejudicando a imagem pública do prefeito. Ninguém sabe até que ponto isso é verdade.

Erros de cálculo e consequências

Apesar da meticulosa preparação, o plano de Jeová enfrentou resistência interna e falhas de execução, resultando em uma deterioração de sua própria imagem e influência. O episódio demonstra a complexidade e os riscos da política de alianças, onde a traição pode se voltar contra o próprio traidor.

O futuro incerto de Jeová Alencar

O cenário político atual deixa incertezas sobre o futuro de Jeová Alencar. Suas recentes ações e a perda de apoio podem afetar sua posição em futuras campanhas e alianças. Ele praticamente passou por todos os grupos políticos, deixando-os todos no final. Agora, parece ensaiar um caminho independente.

Nomes experientes da política, ouvidos pela reportagem, enxergam que por trás de Jeová Alencar está Ciro Nogueira. Ele deu uma guinada ao bolsonarismo e anunciou encontro com Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e possível herdeiro do capital político de Jair Bolsonaro na eleição de 2026.

Com a proximidade das eleições e a memória das recentes traições ainda frescas, resta ver como Jeová se reajustará no caminho do bolsonarismo, se será aceito pelos militantes da direita depois de anos remando com as correntes de esquerda e pulando, de barco em barco.