De acordo com o doutor em Ciências Biomédicas, indivíduos podem infectar outros e causar o surgimento de novas variantes
Desde que a pandemia da Covid-19 teve início, as pessoas infectadas pelo vírus apresentam sintomas em comum, quais sejam: febre, tosse seca, cansaço; dificuldade de respirar, dor no peito e perda de paladar e/ou olfato. No entanto, alguns indivíduos contraem o coronavírus e não demonstram nenhum sintoma, sendo, portanto, assintomáticos. Ainda assim, podem transmitir a Covid a outros sem que tenham conhecimento.
Para o pesquisador Emídio Matos, doutor em Ciências Biomédicas e membro do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade Federal do Piauí (UFPI), tal cenário configura uma “pandemia oculta”.
“Se essas pessoas não buscam um diagnóstico, correm o risco de infectar aqueles ao seu redor e ainda contribuir para o surgimento de novas variantes. Portanto, precisamos nos manter vigilantes e continuar com as medidas de prevenção que já conhecemos, como o uso correto de máscara e o distanciamento físico”, alertou em entrevista ao JT1 da Teresina FM.
O professor reforçou que a vacinação é um protocolo de saúde pública, e a proteção coletiva deve ser priorizada em detrimento da liberdade individual alegada pelos que recusam imunizar-se. Lembrou também que a chamada imunidade de rebanho ainda não ocorreu, visto que o percentual necessário de cidadãos vacinados ainda não foi atingido.
Emídio citou os casos das cidades de Serrana e Botucatu, em São Paulo, nas quais o Instituto Butantan conduziu estudos e vacinou 75% da população adulta. Segundo o pesquisador, registrou-se queda de 80% dos casos sintomáticos e 95% dos óbitos por Covid-19. “O vírus necessita de um hospedeiro para sobreviver. Se grande parte da população está vacinada, ele começa a desaparecer”, afirmou.
Em relação à vacinação dos adolescentes, o professor assegurou que a vacina da Pfizer/BioNTech, único imunizante autorizado pela Anvisa para a aplicação neste público, possui 100% de eficácia, de acordo com estudos realizados pelos dois laboratórios. Na visão de Emídio, o governo federal quis impedir a imunização dos membros dessa faixa etária porque não dispõe de doses suficientes.
“O Ministério da Saúde utilizou informações falsas e dados inexistentes para justificar a exclusão dos adolescentes sem comorbidades do público vacinável. Infelizmente, a maior autoridade sanitária do país confundiu a população. Teria sido mais honesto vir a público e manter uma conversa franca com o povo, que merece respeito e possui direito à saúde garantido na Constituição”, salientou.
Por fim, o pesquisador lembrou que mesmo os cidadãos vacinados podem se infectar novamente, embora não adoeçam de forma grave. Defendeu a vacinação aliada à testagem em massa como medida mais eficaz para combater a pandemia, além da adesão aos protocolos sanitários e o rechaço às posições negacionistas que estimulam aglomerações e promovem medicamentos ineficazes.
Ministério da Saúde exclui adolescentes sem comorbidades do público vacinável